Rio Paraíba ao Mar - 2023
Sesc Campos
Rio Paraíba ao Mar (2023), com curadoria de Julia Naidin, é uma exposição que possui uma dupla face: o trabalho de Fernando Codeço e o do Grupo Erosão, grupo de teatro por ele conduzido. Ambos os trabalhos possuem como material de base o refugo da atividade pesqueira em Atafona.
Os dois processos dos trabalhos foram feitos paralelamente ao longo dos últimos anos, desde 2017. Os contornos que os separam muitas vezes se borram, atravessados pelas vidas e convivências em Atafona, com o coletivo do Grupo e com o/as artistas que passaram pela residência. No entanto, também vemos no trabalho de Codeço apresentando ideias e dinâmicas próprias: valor, tensão, equilíbrio, destruição, tempo. Transposições, montagens, remodelações de elementos criados pela erosão, atividades de co-autoria entre artista, mar e tempo. Materiais de destruição trazidos para cuidado e manutenção. Uma atuação meticulosa do artista em campo que opera na minúcia do dia-a-dia, catando vergalhões, areia, acompanhando o movimento do mar, entre a espreita da batalha perdida e a afirmação da produção de sentido.
Codeço produz uma ambientação da existência de objetos e corpos lapidados pelo mar; cria seres estranhos. Com o Grupo Erosão, pela visão cenográfica de Rafael Sanchéz, a poética opera a partir da intensidade do mar, mas também com os fenômenos outros que ele suscita no ambiente. A cenografia propõe uma dinâmica de construção de formas e esculturas que dialogam não só com os restos e escombros das ruínas, mas também com o imaginário dos habitantes de Atafona: o vínculo ao território; a força em cada recomeço; a sensação de que está tudo por um triz.