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 fotos de Fernando Codeço  

abril de2017

A praia de Atafona, uma antiga vila de pescadores, a partir da década de 50 tornou-se um balneário disputado por veranistas provenientes das principais cidades vizinhas. Desde os anos 70, no entanto, as águas do mar vêm invadindo sua costa nos trechos mais próximos à foz do rio Paraíba do Sul e demolindo casas, prédios, monumentos, ruas... A praia ganhou o apelido de “praia do apocalipse” e é hoje uma porção residual do que já foi uma extensa e prolífera faixa de terra litorânea de uma cidade de forte importância econômica e cultural na história do pais. O processo de erosão ambiental provocou uma modificação de tal magnitude no cenário estético e social do local que a região se presta, atualmente, de forma única, a um laboratório de observação, resgate e proposição estética em uma metodologia de pesquisa-ação, promovendo revitalização social e produção de narrativas culturais no Brasil.

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O movimento geológico que aqui se instala é um fenômeno natural de assoriamento. Ele é, entretanto, fortemente intensificado pela atuação humana ejetada no rio ao longo de seu perpasse pelos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, interagindo ativamente num balneário desativado de um dos polos econômicos do pais. Trata-se de uma localidade que reúne uma série de características específicas, que chamam atenção: é uma região que sofre o efeito devastador da erosão natural sobre a geografia e sobre as atividades sociais locais. As características específicas naturais do ambiente e a proximidade com polos urbanos, somem-se em uma região na qual a atividade cultural de resgate de memória e de produção estética pode ser um vetor de expressivo potencial de registro, recuperação e fomento das práticas artísticas associadas à questão político-ambiental.

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